Viradouro pula na frente na primeira noite do Grupo Especial do Rio de Janeiro

Unidos da Tijuca e Salgueiro fazem boas apresentações e brigam pelas campeãs. Crise financeira apareceu e muitas escolas apresentaram problemas de acabamento

 

O brilho no olhar voltou! A Unidos do Viradouro foi o grande destaque da primeira metade dos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Sob a batuta do carnavalesco Paulo Barros, a Vermelha e Branca fez uma apresentação impecável que permite aos seus componentes sonhar com a briga pelo campeonato, mesmo em seu primeiro desfile depois de conquistar o acesso da Séria A. Unidos da Tijuca e Salgueiro também fizeram boas apresentações, mas um pouco abaixo da escola de Niterói. Atual campeã, a Beija-Flor deixou a desejar e não repetiu a força do desfile que lhe rendeu o primeiro lugar no último ano. Grande Rio, Imperatriz Leopoldinense e Império Serrano decepcionaram e fizeram passagens muito abaixo do que se espera em uma disputa tão acirrada e, provavelmente, terão muito com o que se preocupar na hora da apuração na quarta-feira de cinzas.

 

IMPÉRIO SERRANO

Depois da reviravolta que cancelou o rebaixamento em 2019, o Império Serrano ganhou de presente a chance de se manter entre as grandes escolas do carnaval carioca. Em uma decisão inédita, a Verde e Branca da Serrinha cancelou seu concurso de sambas de enredo e desenvolveu seu desfile sob o prisma da música “O que é, o que é” do compositor Gonzaguinha. Como já vinha sendo apontado no período pré-carnavalesco, a decisão foi um dos maiores equívocos que aconteceram no carnaval em todos os tempos. Muitas vezes não dava para entender o que estava sendo cantado pelos componentes. Alegorias inacabadas e fantasias despencando deram a tônica de um dos piores desfiles do “Menino de 47”, como é conhecida a escola.

 

 

UNIDOS DO VIRADOURO

De volta ao Grupo Especial, a Unidos do Viradouro mostrou que veio para ficar e fez uma grande apresentação no asfalto da Passarela do Samba. Com um dos maiores investimentos do carnaval, a escola de Niterói contratou o carnavalesco Paulo Barros que realizou um de seus trabalhos plásticos mais bonitos. Plasticamente, talvez, tenha sido o melhor desfile do carnavalesco desde a Unidos da Tijuca em 2005. A comissão de frente comandada por Alex Neoral foi um dos xodós da noite com caldeirões de bruxarias e livros que soltavam fogos quando abertos para revelar o que a Viradouro tinha para contar em um enredo de leitura extremamente fácil como é característica do carnavalesco da escola.

 

 

ACADÊMICOS DO GRANDE RIO

Outra beneficiada pelo cancelamento do rebaixamento no carnaval passado, a Grande Rio resolveu brincar com o fato de ter virado a mesa e trouxe uma menção a um dos fatos mais absurdos dos últimos tempos logo em seu carro abre-alas. Na intenção de deixar para trás o resultado negativo a escola até que tentou cantar e evoluir com leveza. Porém, a apresentação foi de um mau gosto impressionante que nem parecia ter sido desenvolvida pelos badalados Renato e Márcia Lage. Depois do rebaixamento em 2019, pelo visto, os torcedores da Tricolor de Caxias terão mais uma quarta-feira de cinzas de preocupação e cabeça inchada.

 

 

ACADÊMICOS DO SALGUEIRO

Sob as bênçãos de seu padroeiro, o Salgueiro levou Xangô para a Avenida. O samba, um dos melhores de 2019, embalou os componentes da escola que pisaram desde os primeiros momentos do desfile. A Vermelha e Branca passa por momentos renovação e viu uma de suas apostas nesse carnaval, os mestres Gustavo e Guilherme se saíram muito bem à frente da Furiosa. O casal de mestre sala e porta bandeira, Sidclei e Marcella Alves, depois de um ano de incertezas passou muito bem mostrando que com um casal desse quilate não se justificava a demissão feita pela ex-presidente Regina Celi. Mesmo com uma boa apresentação, as falhas de evolução e de acabamento em algumas alegorias podem comprometer o resultado da escola na quarta-feira de cinzas.

 

 

BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS

Na tentativa de afirmar uma linha estética nova que foi apresentada ao Mundo do Samba no carnaval 2018, a Beija-Flor repetiu a fórmula que lhe rendeu o título no ano passado para tentar o bicampeonato. Porém, desta a vez, a Azul e Branca saiu da Marquês de Sapucaí devendo muito. O samba, como esperado, não rendeu, mesmo com a devoção do componente nilopolitano a apresentação da escola foi apenas regular. Contando sua história em forma de fábulas, a agremiação apresentou seus carnavais separados em setores o que deixou a leitura do enredo bastante confusa. O pequeno carro abre-alas lembrou mais um tripé estendido. Nem de longe lembrou a grandiosidade e suntuosidade da Deusa da Passarela que já apresentou elementos na Comissão de frente maiores que a primeira alegoria. Dificilmente a Beija-Flor beliscará uma vaga no desfile das campeãs, fato raro desde que o evento foi criado. Porém, depois do resultado de 2018 nada parece ser impossível para a maior campeã do século XXI.

 

 

IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE

Apesar do esforço de seus componentes e da incrível apresentação da bateria, a Imperatriz Leopoldinense não passou bem pela Marquês de Sapucaí na primeira noite de desfiles do Grupo Especial, o que credencia a Verde e Branca de Ramos, assim como Império Serrano e Grande Rio, a não esperar muito do resultado na quarta d-feira de cinzas. O enredo sobre dinheiro não funcionou. A leitura que parecia fácil ficou confusa. As alegorias estavam muito simples e podia se notar claramente que faltou dinheiro para acabar o carnaval. Como se não fosse suficiente um problema no acoplamento do carro abre-alas gerou um enorme buraco em frente ao primeiro módulo de julgamento, o que deve prejudicar bastante a “Rainha de Ramos” na apuração.

 

 

UNIDOS DA TIJUCA

Quando a Unidos da Tijuca saiu do forno e cruzou a linha de início da pista de desfiles da Passarela do Samba todos tiveram a impressão que o enredo sobre o pão iria se multiplicar e colocar a escola do na briga pelo título. Sob o comando de Laíla, a Azul e Amarela do Borel pisou com força e fé na Avenida para buscar o campeonato que não conquista desde 2014. Os primeiros setores foram muito bem desenvolvidos, porém com o andamento da apresentação, o desfile foi ficando um pouco cansativo. Talvez o fato de ser a última escola a passar pela Avenida tenha ajudado a tirar um pouco do brilho da agremiação que fez uma passagem técnica, sem maiores percalços, porém, sem grande brilho. Os maiores destaques foram a bateria de Mestre Casagrande e o samba-enredo, um dos melhores do ano, que foi escrito, literalmente, em forma de oração.

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